Descrição
A ambição deste livro é fornecer um cenário teórico para observação do fotolivro de literatura e, a partir daí, estabelecer um padrão de atividade (conceitual, analítico) capaz de colocá-lo “em perspectiva crítica e histórica”. Mas, mais modestamente, esse é só o início da conversa. Ao longo do trabalho, ampliamos nossas pretensões e escopo de interesses. Em “perspectiva histórica”, o fotolivro de literatura é uma “presença subtraída”, “[…] uma não-existência (enquanto valor ‘formativo’ em termos literários)” (cf. afirma Haroldo de Campos sobre Gregório) — da arquitetura macroscópica do clássico de Euclides da Cunha, Os Sertões, aos “impulsos surrealizantes” e intermidiáticos de Jorge de Lima, em A Pintura em Pânico, para mencionar os fenômenos que detalhamos aqui. Essa presença subtraída do fotolivro de literatura, ou ainda mais geral, de muitas de nossas experiências expandidas que envolvem fotografia, de Mário e Oswald de Andrade, até Valêncio Xavier, Décio Pignatari, Maureen Bisilliat, Gibi Cardoso, entre muitos outros, para ativar influências subtraídas do “devir factual de nossa literatura”, e criticar uma perspectiva, que chamamos aqui de “região ontológica”, segundo a qual a existência do fotolivro de literatura é negada.