Descrição
John Cage é um artista anárquico, revolucionário, inquieto e paradoxal. Na música, desorganizou a hierarquia dos sons, criou o piano preparado e, entre outras coisas, utilizou o ruído e o silêncio como elementos musicais. O silêncio era para ele uma ideia abrangente de possibilidade de escuta.
Todas as suas composições – música, escrita e artes visuais –, desde 1950, foram feitas a partir das operações de acaso – chance operations. O método colocava o foco da criação nas perguntas e deixava ao acaso as decisões sobre os parâmetros dos processos artísticos.
Ele escreveu livros em que a simplicidade, o humor e o pensamento complexo se misturam com a mesma des-importância. Sob influência do pensamento zen, já mais velho e com disposição alegre de aprendiz, começou a trabalhar com gravuras, pinturas e desenhos. A arte, em Cage, é possibilidade de encontro com o desconhecido, de ação e intervenção cotidianas, uma forma de “imitar a natureza em seu modo de proceder”.
Entre 1990 e 1992, a filósofa Joan Retallack encontrou-se com John Cage para conversar sobre o trabalho do artista nas diferentes áreas – escrita, artes visuais e música. MUSICAGE é o resultado desse encontro. As conversas mostram, de modo espontâneo e vivo, o pensamento de Cage sobre a vida e os processos artísticos, seus e de contemporâneos.
No Brasil, optamos por dividir a edição em três volumes, MUSICAGE – palavras, livro de abertura da Numa, lançado em 2015, MUSICAGE – artes visuais, este que você tem nas mãos, e, para fechar, MUSICAGE – música, que será publicado em breve.
É uma delícia acompanhar essas conversas que saem da sala de Cage e invadem nossas percepções e nossos desejos com a vitalidade desse pensamento/ação extremamente singular e transformador. Joan conhece a fundo a trajetória e os trabalhos do compositor, os vemos pensar juntos, como ele gostava de dizer – esfregando informação em informação.