Descrição
“Nas fábulas para a escuta de Rodolfo Caesar acontecem coisas extraordinárias. Tanto o soar animal mostra a sua tecnologia como as tecnologias as suas subjetividades inesperadas: um microfone faz soar pássaros desconhecidos, a escuta de sapos uma compreensão expansiva de ritmo ou a escuta de cigarras vibram zonas de ambiguidade perceptivas.
Escutar fábulas é um hábito muito antigo. Surpreendente é, porém, escutar fábulas para a escuta, fábulas que fazem a escuta soar. Toda fábula é provocadora, pois abala certezas e abre as portas da percepção para o inimaginável. É fabuloso descobrir como os múltiplos sons da escuta são animais inesperados surgindo por todos os meios e cantos, rompendo com os limites herdados de uma longa tradição entre natureza e técnica, interior e exterior, acadêmico e artístico, espontâneo e artificial.
Nas fábulas para a escuta de Rodolfo Caesar ouvimos a música de um pensamento da música, que não precisa mais reivindicar esse nome soprado por antigas musas. É que a música está no mundo, o mundo está na escuta, e a escuta está no ar vibrante – um no outro, outro no um, como um coração bate no sopro da vida, tal um animal dentro do animal.”
Márcia Schuback