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Fábulas para a escuta
O ato de escutar é multidimensional. Em toda sua complexidade, mais ampla do que costumamos levar em conta, escutar pode implicar em ficarmos atentos não só ao que excita nossa atenção auditiva, mas também a nós próprios, a como somos e estamos, ao porquê e como aquilo que soa nos fala, e a quanto essas escutas estão afetadas por todos os meios que as possibilitam.
“Nas Fábulas para a escuta de Rodolfo Caesar acontecem coisas extraordinárias. Tanto o soar animal mostra a sua tecnologia como as tecnologias as suas subjetividades inesperadas: um microfone faz soar pássaros desconhecidos, a escuta de sapos uma compreensão expansiva de ritmo ou a escuta de cigarras vibram zonas de ambiguidade perceptivas.
Escutar fábulas é um hábito muito antigo. Surpreendente é, porém, escutar fábulas para a escuta, fábulas que fazem a escuta soar. Toda fábula é provocadora, pois abala certezas e abre as portas da percepção para o inimaginável. É fabuloso descobrir como os múltiplos sons da escuta são animais inesperados surgindo por todos os meios e cantos, rompendo com os limites herdados de uma longa tradição entre natureza e técnica, interior e exterior, acadêmico e artístico, espontâneo e artificial.
Nas Fábulas para a escuta de Rodolfo Caesar ouvimos a música de um pensamento da música, que não precisa mais reivindicar esse nome soprado por antigas musas. É que a música está no mundo, o mundo está na escuta, e a escuta está no ar vibrante – um no outro, outro no um, como um coração bate no sopro da vida, tal um animal dentro do animal.”
Márcia Schuback
Rodolfo Caesar nasceu no Rio de Janeiro em 1950. É compositor, pesquisador e professor aposentado da Escola de Música da UFRJ. Além de compor músicas para escuta, trabalha com poetas, artistas, cineastas, atores, etc., tendo publicado artigos e livros sobre sua pesquisa. As atividades com a música eletroacústica, iniciadas nos anos 1970, o inseriram no complexo contrato entre as tecnologias e as diversas formas de escuta – musical, bioacústica, ou ‘neutra’ – desafiando-o sobre os reais limites entre ambas. Os recursos eletrônicos de integração de sonoridades do mundo animal às músicas experimentais, por gravação ou por síntese, revelaram a condição anfíbia de sapiens ouvinte entre o maquínico e o animal.