Ano da fome

Em seu romance de estreia, Aki Ollikainen mergulha em um dos períodos mais dolorosos da história finlandesa: o inverno de 1867, quando a escassez de colheitas e o frio extremo levaram mais de 250.000 pessoas a morrerem de fome. Camponeses abandonam suas terras rumo a São Petersburgo, em busca de pão e alguma esperança.

Neste cenário gélido, o autor retrata personagens que habitam o limite da humanidade. A fome cala, e o silêncio que ela impõe se torna a força motora da narrativa. Quem come fala em frases engasgadas. A vida resiste na obstinação dos caminhantes e na escrita intensa do autor. De forma simples e brutal, Ollikainen transforma um acontecimento histórico em uma ficção poderosa, que convida o leitor brasileiro a reconhecer, em meio à neve e ao desespero, questões e tensões universais: as formas de resistência, as desigualdades e os laços frágeis que nos mantêm humanos. A ficção, aqui, é a forma pela qual a realidade se expressa.